Que dirá a "Escrita do Sudoeste"?
(Estela de Bensafrim, descoberta em 1882, em Lagos, existente no Museu Municipal da Figueira da Foz)
Quanto à "Escrita do Sudoeste" e à importância que os cerca de 90 caracteres da estela achada em Setembro último no Alentejo podem vir a ter para se chegar a uma futura decifração, vamos tentar tocar no essencial de dois artigos, publicados no suplemento P2 do Público de 26 de Setembro último, que fizeram um bom ponto de situação:
Parecem inquestionáveis as ligações, na origem, às escritas fenícia e grega. Nas cerca de 90 estelas funerárias já encontradas - quase todas em Portugal, no sul do Alentejo e zona serrana do Algarve, mas algumas em Espanha, nas vizinhas Estremadura e Andaluzia - aparecem signos oriundos dessas escritas orientais. Com efeito, povos dessas civilizações aportaram à Península Ibérica no século VIII a.c., trazendo consigo a primeira forma de escrita usada na Península.
Desta forma de escrita já se conhece muita coisa: que corre da direita para a esquerda; que corre em forma de espiral; que não existe separação de palavras. Conhecem-se já os caracteres - e esta estela revelou um que não era conhecido ainda -, a sua fonética e alguma gramática. Identificam-se até nomes de pessoas.
Então? Qual o problema ? Dar significado às diversas expressões!
E é aqui que reside o entusiasmo que esta descoberta despertou: segundo o arqueólogo Amílcar Guerra que estuda há 20 anos o sítio onde a estela apareceu - Mesas do Castelinho, Almodôvar - esta estela não vem, por si só, trazer o golpe de varinha mágica que os especialistas necessitam, mas pela qualidade das suas inscrições e número de caracteres que disponibiliza, sem lacunas , deixa a convicção de que poderá dar um contributo muito importante nessa direcção. Daí o entusiasmo da afirmação deste arqueólogo que deixámos em título.